quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O (grato) fim de um ciclo!


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Fotos W.Fajardo


Quarenta e dois anos separam a primeira vez que fui ao Cemitério Israelita de Inhaúma e o dia de hoje. Depois de uma longa e tortuosa caminhada, recheada de inúmeros bons encontros e parceiros, adentro ao Cemitério das polacas e vejo, sobre algumas lápides, uma placa de mármore branca – com uma estrela de Davi ao centro, o nome de quem ali está sepultado, a data do óbito e o número que este sepultamento representa na cronologia do cemitério.

Um ciclo chega ao fim, felizmente e a identidade daquelas pessoas está sendo respeitada, com este restauro. Isso é o mais importante! Demarca-se assim, o término de uma longa batalha. Podemos nos considerar vencedoras, um trabalho acadêmico rompeu os muros da universidade e transformou uma dada realidade.

É claro que toda esta trajetória expõe e expôs as dificuldades e intransigências da direção (retrograda e autoritária) da Federação Israelita do Estado do RJ e da Sociedade Cemitério Comunal do Cajú. Um processo que poderia ter sido agregador, como em São Paulo, está se realizando no silêncio de quem se sentiu obrigado a restaurar e preservar, sem novos usos, um lugar que preferia ver esquecido.
Mas este sentimento é o que menos me importa. O fundamental são os que estão enterrados na Rua Piragibe, 99. Tornaremos sem dúvida, aquele espaço mais acolhedor!   




P.S.: Coluna do Ancelmo (Jornal O Globo, 23/02/2011).

Com duas prostitutas alemãs, Karolina Leppert e Helga Bilitewski, da ONG Hydra, de Berlim, a brasileira Gabriela Leite, da Daspu, visita hoje o antigo Cemitério Israelita de Inhaúma. 
Ali, como contou a historiadora Beatriz Kushnir, 797 polacas, seus filhos e alguns cafetões estão enterrados como “judeus segregados, porque prostituídos”.