No longínquo ano de 1993, o historiador americano Jeffrey Lesser me mostrou o acervo das Polacas de São Paulo, preservado no Lar Golda Meir. Eram as Atas e o Livro de comparecimento às reuniões da Sociedade Feminina Religiosa e Beneficente Israelita, fundada em 1924.
As Polacas ainda vivas na década de 1970, quando idosas, foram para essa instituição judaica de cuidados, em SP, e lá faleceram. Passei uma semana no Lar, no bairro da Vila Mariana, lendo aquela Atas, que terminam no ano de 1968. Junto com esse material, vinha também o pequeno acervo das Polacas de Santos, que instituiram um cemitério em Cubatão.
Recentemente, fui procurada por uma pesquisadora que queria consultar esse material. O Lar se transformou no Residencial do Hospital Albert Einstein. Eu havia deixado também uma cópia desse acervo na antiga sede da Sociedade Cemiterial Chevra Kadish, na rua Prates, no Bom Retiro, que atualmente está numa sala menor em outro endereço.
O que se sabe é que antes do Lar passar para a tutela do Hospital, os documentos foram doados ao Arquivo Histórico Judaico Brasileiro. O que funcionários do AHJB pontuam é que no processo de transferência, os documentos das Polacas já não se encontravam no Lar.
Minha hipótese é que um "historiador", que se faz de o controlador de uma dada narrativa coletiva, por dever da profissão que diz praticar, deveria tornar público os documentos que custodia. Entretanto, é mais comprometido com a ideia de "guardião" da memória da comunidade. E, assim, acredita ter o poder de decidir o que deve ser publicizado.
Minha hipótese é que um "historiador", que se faz de o controlador de uma dada narrativa coletiva, por dever da profissão que diz praticar, deveria tornar público os documentos que custodia. Entretanto, é mais comprometido com a ideia de "guardião" da memória da comunidade. E, assim, acredita ter o poder de decidir o que deve ser publicizado.
Provavelmente esse senhor foi até o Lar e recolheu o acervo. Certamente, com a anuência dos responsáveis que, talvez acreditassem na preservação pública dos documentos. Mas, o pseudo-historiador não tornou o material das Polacas de SP e de Santos acessível. Será que quem entregou a ele os documentos sabe o que aconteceu? E se sabe, não fará nada?
Esse "historiador" deve ter guardado no "seu arquivo particular" os documentos das Polacas que antes estavam no Lar. Essa prática desse senhor é usual e conhecida. Esse senhor, que ao se dizer "historiador" não faz ideia do que essa profissão realmente é.
Hoje, dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, eu gostaria de deixar registrado que as cópias xerox que eu tenho de todo esse material foram digitalizadas e podem ser consultadas por quem se interessar. E o mais importante: esse "historiador" não as conseguiu calar ao esconder o acervo.
Essa portanto, é minha homenagem a elas, as "minhas" Polacas nesse dia!
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