sábado, 18 de agosto de 2007

RJTV 1ª EDIÇÃO - 18/8/2007

Polacas são homenageadas pela comunidade judaica

No século XX, prostitutas de origem judaica migraram para a cidade para escapar do anti-semitismo. Cemitério em Inhaúma guarda os corpos destas mulheres. Cerimônia homenageia a memória das polacas

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http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM716023-7823-POLACAS+SAO+HOMENAGEADAS+PELA+COMUNIDADE+JUDAICA,00.html


Uma reparação histórica. Mulheres judias, que viveram excluídas da sociedade carioca, no início do século passado, foram lembradas com orgulho numa cerimônia organizada pela Congregação Judaica do Brasil.


Não foi numa sinagoga, mas na Fundição Progresso, em meio à boemia da Lapa, que a comunidade judaica realizou uma cerimônia em homenagem às polacas. Assim ficam conhecidas as prostitutas de origem judaica que vieram para o Brasil há mais de um século, fugindo do anti-semitismo. Elas buscavam uma vida melhor, mas encontraram discriminação e um lugar à margem da sociedade. É no bairro de Inhaúma, na Zona Norte da cidade, que ficam um dos poucos registros ainda existentes da passagem das polacas pelo Rio. Neste cemitério eram enterrados os corpos das prostitutas judias e de seus parentes. Há 37 anos não há mais sepultamentos e poucas pessoas visitam o lugar. Algumas lápides estão sem nome. É a memória que se perde com o abandono, diz a historiadora Beatriz Kushnir, que pesquisou o passado destas mulheres. Discriminadas, excluídas do convívio social, elas se reuniam em associações próprias. O cemitério em Inhaúma foi criado porque elas não podiam ser sepultadas ao lado de outros judeus. “Na lei judaica, as prostitutas e os suicidas devem ser enterrados junto a um muro, para marcar um local de exclusão. E foi pra sair deste lugar que essas mulheres no mundo inteiro compravam o seus próprios cemitérios”, afirma Beatriz Kushnir.O rabino Nilton Bonder explica a razão da homenagem tantos anos depois. “Quisemos fazer um ato de inclusão e portanto durante a cerimônia do sábado, que é no início do anoitecer da sexta-feira, fazemos uma oração que pudesse resgatar a luta dessas mulheres, mesmo em condições tão difíceis, de manter a sua dignidade e de preservar as suas raízes, a sua cultura, sua identidade”. A cerimônia religiosa, que não pôde ser filmada, foi conduzida apenas por mulheres.

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